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Descuidos são comuns, confira os dez erros imperdoáveis nessa situação
A promoção para cargo mais alto dentro de uma empresa pode até ser motivo para que o profissional sinta-se orgulhoso pelo seu trabalho. O contentamento, no entanto, não deve ser pretexto para relaxo e ou a idéia de que não é mais necessário se empenhar. O risco, nesses casos, é a possibilidade de colocar a perder, em pouco tempo, toda a confiança conquistada durante vários anos de trabalho. O mesmo vale quando a proposta de assumir um novo cargo não é analisada e o profissional se responsabiliza por funções que não é capaz de realizar.
Quem é promovido precisa ainda ficar atento para que a alteração de postura inerente à mudança de função não afete suas relações cordiais com colegas que continuam a ocupar os mesmos cargos. Embora seja um passo relevante para a carreira, a promoção exige atenção e preparação do profissional. Por isso, o Universia ouviu profissionais que trabalham em gestão de carreiras e coletou dicas sobre esse momento de transição. Veja a seguir o que eles disseram:
“O profissional precisa inspirar confiança nos colegas de trabalho, e isso vale para todos os níveis. Então, não pode virar as costas para os antigos colegas, agora subordinados, senão vai ser malvisto. É claro que alguma mudança será necessária. Ele vai ter de ser firme para separar a amizade da responsabilidade com a empresa, pois agora é um líder. Mas também é ruim agir como se não conhecesse mais os que estão à sua volta. É recomendável se distanciar com naturalidade.”
Cristina Limongi – psicóloga e professora da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo)
“O peso do novo cargo pode levar o ocupante a, equivocadamente, pensar que tem de saber tudo e decidir tudo sozinho. O antídoto para essa postura é pedir a opinião da equipe, pois ouvi-la gerará grande motivação entre todos, além de levar à tomada de decisões eficazes. Em qualquer promoção, seja de nível gerencial ou não, é interessante que o profissional procure conhecer a dinâmica da área e do cargo que assumirá.”
Janaína Ferreira – coordenadora da pós-graduação CBA (Certificate in Business Administration) e professora do curso de gestão de pessoas do Ibmec-RJ
“Por já ter sido promovido, o profissional pode achar que não precisa mais estudar, ler ou manter sua rede de relacionamentos, que a condição profissional é imutável. Ele precisa entender que os eventos mudam a todo momento e tem de ficar atento aos movimentos da empresa. O profissional que recebe o salário no final do mês, mas não participa de reuniões e não cria vínculos, se isola. De repente, é desligado da empresa e não sabe o porquê. É um chavão, mas ninguém é gerente, apenas ocupa a posição de gerente provisoriamente, enquanto a empresa tiver interesse e enquanto der retorno para a companhia. Além disso, não se pode fechar os olhos para o que acontece fora da empresa, o que é muito comum.”
Maria Ester Pires da Cruz, Gerente do Ibmec Carreiras do Ibmec São Paulo
“Geralmente, a promoção infla um pouco o ego e faz com que a pessoa perca a humildade, o que é essencial para continuar a conseguir promoções. Ao ser promovido, o profissional recebe novas responsabilidades e o reconhecimento do trabalho realizado até então, mas isso significa começar do zero novamente. Vai começar uma nova atividade, que geralmente não domina. A promoção é um desafio para o profissional buscar a capacitação. Então, tem de se empenhar para se desenvolver e continuar a mostrar trabalho. Quanto mais humildade tiver, inclusive na tentativa de aprender com pessoas de cargos inferiores, mais rápido aprende e ganha o respeito do grupo. Sem humildade, pode criar inimizades e comprometer o desenvolvimento do trabalho.”
Gláucia Santos – psicóloga e consultora de recursos humanos da Catho
“A promoção tem de ser muito bem elaborada e alinhada, pois a responsabilidade é de quem promove e de quem aceita a promoção. Se não avaliar a preparação do profissional para a nova função, a empresa pode perder um funcionário que estava indo bem. Além disso, o profissional tem de saber avaliar se está preparado tecnicamente. Se não estiver, tem de admitir, reconhecer os pontos vulneráveis e se preparar. Sem preparação, em vez de a promoção ser algo positivo, passa a ser uma fonte de problemas e estresse. O profissional tem de saber se a empresa está disposta a participar do processo de formação ou se ele vai ter de arcar com os treinamentos e orientações sozinho. Por isso, a promoção precisa ser bem negociada, com avaliação de todos esses fatores antes da promoção.”
Lizete Araújo – VP de planejamento da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos)
“Tenho visto algumas pessoas se precipitarem ao procurar se apresentarem melhor, comprar roupas e trocar o carro para melhorar a aparência. Isso tudo é externo e tem peso quase zero diante de um fracasso por falta de competência. Nada contra fazer esses ajustes posteriormente, pois tem de se apresentar de forma diferente, mas, de imediato, o preparo precisa ser muito mais interno do que externo. Então, não faça essa inversão.”
Paulo Braune – Braune Educação Empresarial
“Muitas vezes, alguém que ocupa um cargo operacional é promovido para um cargo gerencial e não sabe exatamente quais são as novas funções. Então, como forma de não colocar em risco o espaço já conquistado, o profissional mantém as funções do cargo anterior, não delega tarefas e não administra adequadamente. Não se dá conta de que a nova função exige dele outras competências, que as anteriores não são mais suficientes. Com isso, o promovido limita seu crescimento e o das pessoas que vai gerenciar. O profissional tem de esclarecer as expectativas dos imediatos quanto ao desempenho e ao posicionamento. Nem sempre a expectativa com relação à pessoa é clara e o profissional pode se tornar meramente técnico quando a expectativa é que atue de forma mais estratégica. Não basta se esforçar, é necessário atuar de acordo com o esperado.”
Elizabeth Maia – diretora da filial Rio de Janeiro da Right Management
“Tudo depende muito de como o profissional argumenta, mas o fato de declinar cria desconforto na empresa se o argumento não for pertinente, se não houver justificativa forte. Afinal, se a empresa faz o convite, é porque percebe que o profissional tem potencial e condições de cumprir com o desafio. Aí vale discutir com a empresa, se planejar e perceber os pontos em que vai precisar de apoio e suporte.”
Lizete Araújo – VP de planejamento da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos).
“Conheço profissionais que, ao mudar de função e, com isso, ganhar direito a benefícios, não aceitam para não se diferenciarem dos ex-colegas, por receio de que isso demonstre alguma discriminação. Isso é errado também, pois é necessário valorizar o que se conquista. Já vi casos de pessoas que tinham ganhado o direito a vaga de estacionamento no prédio da empresa, carro novo e cartão corporativo, por exemplo. No entanto, como os colegas continuavam a exercer as mesmas funções, para não se distanciar deles e não tornar evidentes as mudanças, não aceitaram os benefícios que eram visíveis, como carro e estacionamento. Nesse caso, corre-se o risco de a intenção de parecer humilde ter efeito contrário.”
Maria Ester Pires da Cruz – gerente de carreiras do Ibmec São Paulo.
“Manter-se atualizado profissionalmente não diz respeito apenas ao conhecimento, mas também ao relacionamento. Alguns profissionais são promovidos e passam a achar que não precisam mais compartilhar nada, não precisam almoçar com a rede de relacionamentos nem comemorar conquistas. Parar de investir no relacionamento profissional é um erro grave. Com relação à própria equipe, é necessário compartilhar informações importantes da empresa com os subordinados. É essencial filtrar a informação de acordo com o nível hierárquico do interlocutor, tanto para não revelar dados estratégicos como para que faça sentido para quem ouve.”
Marisabel Ribeiro – diretora da área de desenvolvimento da Right Management.
fonte: Universia / Bruno Loturco
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